Calopsia


Já achei lindas pessoas consideradas feias, pessoas que não possuíam nenhum atrativo externo : olhos claros, corpo definido, sorriso largo com dentes perfeitos. Eram pessoas comuns de olhos castanhos, peles variadas, dentes levemente irregulares ou totalmente tortos;mas que possuíam um brilho nos olhos, uma expressão interessante, uma risada gostosa,um jeito diferente de usar o cabelo, uma pinta no rosto, uma cicatriz nos ombros, sardas...
Mesmo que depois eu me desencante da pessoa, eu nunca perco essa calopsia, continuo achando os olhos belos, o sorriso encantador;mesmo quando a pessoa me fez mal.Esta lá,eu gosto, e reconheço, uma coisa não tem nada a ver com o resto.
Acho que o pior mesmo é quando imagino as situações como mais lindas do que realmente foram, um singelo convite pra tomar sorvete pode se transformar em um monólogo apaixonado para uma amiga, uma simples ida ao dentista se transforma numa horrível história macabra.
Calopsia.
Palavra que já vivia em meu vocabulário, mas não a conhecia

"Você não precisa saber tudo sobre tudo"

Tenho uma forte tendência a acumular. Fico sempre buscando mais e mais conhecimento,musicas novas, lugares novos, gente nova; mas não me desfaço das coisas velhas, os velhos sonhos, os velhos amores...
Fico tão cheia, me sinto pesada, cansada, saturada...e enfim, decido me aliviar um pouco do peso."Não você não vai ler a pilha de livros só porque você TEM que ler; você não vai checar seu facebook pela milésima vez hoje, não precisa gerenciar tantas páginas, estar em tantas redes sociais...Você não precisa saber tudo sobre tudo."
Nesse "intervalo" de uma semana que começa amanhã, eu não vou ler nenhum livro, não vou checar o facebook todo dia, nem procurar me informar sobre nada.Quero olhar pra dentro, ver o que eu tenho, se há espaço pra mais alguma coisa, o que deve ser jogado fora, o que deve permanecer, o que deve ser registrado no papel e apagado da memória.
Eu,que sempre mergulho fundo no que me desperta o interesse, não quero mais.Quero folga, descanso, quero não ter q mergulhar tão fundo a ponto de não ver mais a luz.
Foto by Elena Kalis
Eu quero voltar a ver a luz da superfície.

Minha fossa particular...

Cat Power
Não deve ser tão louco sentir prazer em curtir uma fossa, não fossa propriamente dita, mas um silêncio interno, um momento seu consigo mesmo,pensando e pensando, escrevendo, ou fazendo absolutamente nada.Estou aqui lendo, ouvindo Cat Power e sua voz melancólica..

"She looks in distress,she looks impressive
When she is dancing her little home dance on me
Roll, roll, roll away, away, away, away"

Não é tristeza ou nada do gênero, infelizmente me faltam palavras para descrever com exatidão esse momento sublime do silêncio, da minha própria companhia, com um café quente e algumas ideias na cabeça...

4:20 é apenas uma hora...

Acho graça dessas modas de facebook, uma coisa surge do nada e de repente todo mundo começa a fazer associações, adicionar ao vocabulário e etc. "Keep Calm" foi uma verdadeira febre, e quando eu perguntava do que se tratava, quase ninguém sabia me responder; fui pesquisar por conta própria e vi que tinha a ver com a época de Hitler e era um cartaz do governo Inglês caso eles também fossem tomados.
Enfim,,verdade ou não, o ponto não é esse.
Surgiu agora uma onda de 4:20 que, pelo que eu entendi, tem a ver com fumar maconha, o engraçado é justamente as pessoas usarem a expressão sem saber direito do que se trata;não estou dizendo pra se tornar PhD no assunto mas,rir do que você não sabe me parece idiota.
Quando eu já me acostumava coma  moda dos Indies, surgem os hipsters, e eu os considero sinônimos, apesar de não saber direito o que é ser "um hipster".Eles sempre surgem referencialmente com óculos wayfarer,camisas wadrez, cortes 'moderninhos' e curtindo tudo que é desconhecido."Ora, mas esses não eram os indies?" eu pergunto, "Não,hipsters são diferentes".Ok, discordo mas respeito.
Pra mim, 4:20 continua sendo uma hora em que eu provavelmente estarei dormindo feliz e contente, Keep Calm continua me fazendo rir vez ou outra e hipsters e indies me parecem todos iguais.
E tem gente que diz que sou hipster/indie/cult, todos sinônimos para "alternativa".
Um indie...


Um hipster... sério,não vejo diferença.
Eu prefiro dizer que eu sou eu, porque se rotular me parece algo tão limitado,mas isso é caso para um outro texto...

Crônica de uma crônica anunciada


Exatamente uma semana atrás, quando eu soube que teria de fazer essa crônica pensei "Olha, não sou nenhuma Martha Medeiros, mas vou me esforçar". Peguei a minha velha pasta vermelha, cheia de recortes de crônicas que guardo com carinho e comecei a ler, também pensei em possíveis temas e enchi a paciência dos meus amigos perguntando "E aí, sobre o que você vai escrever?".
Eu achava que poesias e narrativas eram mais complicadas, mas a crônica me pegou de surpresa.Por que é tão difícil pensar no nosso cotidiano de um jeito diferente?Comecei a devanear e  a criar verdadeiros diálogos na minha cabeça, e foi então que eu percebi que essa autoanálise, essa 'conversa entre meus eus' é quase o que eu tinha que fazer.Por detrás de cada minuto que paramos pra refletir sobre qualquer coisa, ou quando olhamos de novo e observamos algo que não havíamos visto; quando existe o 'lado B' , uma outra interpretação, mais profunda, pessoal, coisa nossa mesmo; nessas coisas todas que vivemos há material para um texto novo em folha.
Sinceramente, não sei se fiz certo, talvez eu tenha apenas escrito meus devaneios habituais, mas esforço não me faltou.Amanhã é o fim do prazo e vamos ver no que vai dar, eu continuo sem entender muito bem 'o que é' uma crônica em todos os seus pormenores,mas o que eu sei é que como eu me sinto quando abro o jornal de domingo e leio um texto fresquinho da Martha Medeiros, como aquele pão que acabou de sair no forno pro café da manhã.mas isso é caso pra outro texto...